Eu estava atrasada. Aline me disse que teria que encontrá-la às quinze horas. Olho para o relógio do meu celular.
- Ai! Já faltam dez minutos para as quinze horas, não vai dar tempo, mas ela espera.
Atravessei a Avenida Sete de Setembro correndo, quase que o Circular Centro me atropela, percebi quando o motorista me encarou com uma cara feia, mas eu tenho pressa. Entro na rodoviária, já quase sem fôlego, olho pro lado, pro outro e nada da Aline, de repente lembro que estou do lado errado. Subo as escadas correndo – cadê meu berotec? – Atravesso a galeria e paro bem meio dela.
- Nossa que imagem bacana! Seria legal tirar uma foto aqui do alto.
Chego à ala estadual e lá encontro a Aline sentada.
- Nossa quinze e doze, Aline, nem me atrasei tanto, né?
- Não, mas já iria te dar um toque no celular.
Abraçamos carinhosamente. E dizem juntas, como num coro.
- “Ui de bão”
Aline coloca a mochila nas costas, como num sinal de quem queria sair logo dali.
- Paula, vamos?
- Vamos sim, antes do show da Família Lima, temos que assistir à palestra do professor Tezza, vai ser muito bom, ele irá falar de tipos textuais literários. Não podemos perder.
- Mas é uma louca mesmo, E vai dar tempo? Que horas começa essa palestra? Diz a Aline impaciente.
- Olha a palestra vai ser na Reitoria às dezoito e meia.
- Bom o show começa às vinte...
- Não esquenta a Reitoria fica a duas quadras do Teatro Guaíra. Os ingressos já estão comigo.
Atravessamos a avenida contentes. Cheias de causos para contar. Entraram na Rua da Paz e seguiram em frente.
- Paula eu to com fome.
- Você gosta de coxinha? Na esquina da Reitoria tem a “Casa das Coxinhas”, é muito bom, dizem até que tem coxinha de caviar.
Aline tem um ataque de risos.
- Nossa! Até de caviar?
- É! Mas eu nunca vi, nem comi, eu só ouço falar.
Entraram no estabelecimento, e fizeram os pedidos. Coxinha e guaraná – só ficou faltando o pastel – A Aline estava adorando tudo.
- Aline! Lembrei de uma coisa! Temos que passar no Mercadorama comprar chocolates para o Moisés.
- Ah! É mesmo!
- Quer halls preto?
- Quero sim.
Pagamos à conta, atravessamos a Rua Nilo Cairo, e pegamos à direção do supermercado. Na volta perceberam que ainda era cedo. Eu levei a Aline para conhecer a Reitoria.
Entrando no anfiteatro, o professor Cristóvão Tezza já tinha iniciado sua palestra, ele estava falando como os parágrafos podem deixar um texto mais interessante. Eu e a Aline trocávamos bilhetinhos.
Nossa em um dia só vendo pessoas famosas. Palestra com um escritor famoso, e depois show com uma banda famosa.
Aline.
É mesmo amiga, mas vamos sair daqui a cinco minutos, pois quero passar no banheiro escovar os dentes, e retocar a maquiagem.
Paula.
Chegamos ao teatro às vinte horas e dez minutos. Atrasadas. Pior era andar naquele escuro.
- Aline, to com medo de cair, já me arrependi de ter colocado salto.
- Haha, vamos Paula, que nós estamos na primeira fileira.
Claro que todos olhavam para nós as atrasadas, e a Aline teve a brilhante idéia de usar o celular para iluminar a numeração das cadeiras.
- Paula! Pegaram o nosso número não estou achando.
- Vamos sentar aqui mesmo. Dá para ver o Moisés e tirar boas fotos daqui.
É engraçado como a platéia curitibana é diferente, é difícil ver fãs histéricas gritando, chorando e até desmaiando. Todos muito comportados, o máximo que a gente escuta é um “HUUUU”, e só. E acho que todos os “HUUUU” e “LINDOS” foram gritados apenas por nós.
Depois do show, muita gente queria entrar no camarim para tirar foto com os “Limas”. Com muito sacrifício conseguimos entrar, tirar foto, e entregar o presente para o Moisés, tudo muito rápido – chega até assustar – Cumprimentos, foto, entrega do presente, e tchau. Tudo meio mecânico, estragando nossas expectativas – criadas em nossos sonhos desde o dia que soubemos do show em Curitiba – Eles deveriam estar cansados, o Lucas parecia estar rouco, não deve ser fácil ter que atender um monte de gente depois do show.
Achamos estranho o fim do dia, até acabou a euforia depois disso.
Saímos do teatro Guaíra revendo as fotos da câmera.
- Essa ficou ótima!
- Sim, parece que ele fez pose só para nós tirarmos à foto.
- É mesmo.
- Vamos tirar fotos em frente ao prédio histórico da Universidade Federal do Paraná? Fica linda a iluminação lá de noite.
- Vamos!
Atravessamos a Praça Santos Andrade.
Ficamos um grande tempo admiradas com os detalhes da construção do prédio. Tiramos algumas fotos.
- Tem aquele halls preto ainda, Paula?
- Tenho sim, ta aqui. To com frio vou colocar meu casaco.
Descemos cantarolando pelo calçadão da XV.
Dicionário Aurélio
Ou seja, mimese é fazer literatura. Leiam o texto sem esquecer de que é um conto, uma narrativa.
Beijos para todos.
Por: Paula Andréia